quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A vida.

Sentado numa cadeira de plástico, na calçada de sua casa, apenas observava o movimento dos carros na rua. Cabelos brancos, lembrava-se do tempo de menino que tudo aquilo era terra batida.

Lembrava-se dos amores que houve ao longo de sua vida, de quando se é criança e a única preocupação que existe é ser flagrado espiando a vizinha tomar banho, lembrava-se de quando era jovem e o mundo parecia estar na palma de sua mão, e até quando já era adulto e estar com a mulher e os três filhos era a única felicidade existente.

Hoje era apenas um velho.

Imaginou como teria sido a vida se tivesse ido atrás do grande amor, não ter largado a faculdade para cuidar da família e hoje ser um homem bem sucedido.

Então o gosto dos bolinhos de carne que sua avó fazia lhe vieram à memória, de como sua mãe era preocupada e reclamava de ele estar magro demais.

O bigode de seu pai acima do sorriso amoroso.

O primeiro beijo, o primeiro amor.

A formatura de seus filhos.

A morte de sua mulher.

A vida. Apenas a vida.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Repostando: Um dia comum.

Texto antigo, de fevereiro deste ano. Repostando porque foi um texto que achei bem bacana,para quem não conhece o blog talvez goste. E também é bom atualizar de vez em quando isso aqui, mesmo que seja para encher linguiça...



Alto, óculos escuros, terno elegante, sapatos caros. Parecia entediado, com uma mão no bolso e a outra segurando o guarda-chuva aberto sobre sua cabeça. Noite chuvosa. Não gostava muito de trabalhar daquela naquele clima.

Estava na calçada. No meio da rua havia um carro capotado e sendo devorado pelas chamas. Mais uma vez teria que agir rápido, senão o trabalho ficaria mais desagradável. Foi até lá normalmente, a rua escura iluminada pelo fogo. Com metade do corpo para fora do carro, um homem magro e careca parecia dormir tranqüilamente com a cabeça sangrando. Abaixou-se, segurou pelo colarinho do careca e o arrastou até a calçada.

- Acorda, bela adormecida - disse, dando pequenos tapas no careca que logo abria os olhos.
O tal sujeito acordou assustado, sem saber o que estava acontecendo. Levantou-se rapidamente, passando a mão pelo próprio corpo para ver se estava tudo em ordem. Respirou aliviado.

- Oh, Deus, muito obrigado! Mas... ei... quem é você? Você me tirou dali?

- Pode-se dizer que sim - falou, colocando um cigarro na boca e o acendendo com um isqueiro de prata.

- Obrigado, de verdade, muito obrigado! Posso fazer algo por você? Tenho muito dinheiro, se você precisar...

- Não quero dinheiro.
O careca olhou para o homem, estranhando-o. Quem, em sã consciência, não gostaria de receber dinheiro?

- O que você quer?

- Cumprir meu trabalho, minhas obrigações.
Fumava o cigarro sem tragar, deixando a fumaça sair pelas narinas.

- Você me salvou, merece alguma recompensa - insistiu, agora temendo que o tal homem lhe fizesse algum mal.

- Não te salvei, amigo. Olhe para trás.

A visão de si morto deve ser realmente chocante. Se ainda estivesse vivo o careca provavelmente teria sofrido um ataque cardíaco. Se perguntava o que estava acontecendo. Olhava para os lados e entendia tudo menos ainda.


- Quem é você?

- Sou a Morte, careca. Chegou a hora.

Desesperado, o careca apenas partiu numa corrida sem rumo pela rua. Respirava, sentia a chuva e os pés sobre o asfalto. Parecia mais vivo do que nunca. Mas, afinal de contas... qual era o seu nome? Quem era? O que havia acontecido antes de acordar na calçada? Percebeu, então, que desde aquele momento em que fora arrastado suas lembranças começavam a desaparecer. Olhou para trás e não via mais a Morte, porém, ao olhar novamente para frente, esbarrou nela. Fugir do inevitável seria uma tolice.

- É sempre a mesma coisa, puta merda! Vocês vêm, morrem e não aceitam. Isso realmente me entristece - o tom da Morte era sarcástico, debochando do careca. - E o pior de tudo que ainda me fazem parecer o vilão da história.

Talvez pela primeira vez naquela noite, ali, sentado no chão molhado, começava a raciocinar. Esfregava a testa tentando tirar alguma lembrança dali. Nada. Encarando a Morte nos olhos, finalmente se ergueu como homem. Ajeitou a roupa, enguliu a seco e finalmente criou coragem para perguntar:

- Para onde eu vou?

- Você? Não faço a mínima idéia. Eu vou para aquele bar de strippers no fim da rua. Au revoir, mon ami!

Então a Morte lhe deu as costas. As lembranças se perdiam cada vez mais. Perguntava-se o que havia ocorrido nos últimos minutos, então já havia esuqecido tudo e seu "corpo" se desfazia com o vento.

No local do acidente os paramédicos e a perícia estavam armando todo o circo. Apesar de tudo, todos pareciam ignorar um homem tão alto quanto a Morte. Vestia um terno branco e andava em passos calmos sob a chuva.

Numa maca, o corpo seria levado ao hospital. Mas então o homem de terno branco, enquanto acompanhava a maca, aproximou os lábios ao ouvido do careca, sussurrando algo para então desaparecer no meio de uma multidão.

Longe dali, numa colina, estava a Morte observando a cidade. Ao seu lado, a Vida.

- Olá, bom samaritano. Desfilando e levando uma nova vida à minha freguesia?

- Eles são fracos. Você leva, eu trago - a Vida possuía um tom de voz calmo e paciente.

- Somos as únicas certezas desses pobres coitados. Você os acompanha por anos e nunca sobra tempo para eu me divertir.

- É você que sempre estraga os meus planos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Juventude.

Deitado sobre a grama muito verde, aquele jovem de 15 anos mantinha a cabeça confotável apoiada no antebraço, tragando um cigarro enquanto observava as formas das nuvens no céu.

A vida parecia irreal, um paraíso, perfeita. Não podia ser explicada em palavras. Aquele sorriso não saia dos seus lábios, o cheiro do cabelo loiro ainda estava em suas narinas. Parecia que havia corrido uma maratona, sentia-se cansado, mas relaxado. Não havia muito sol, até poderia dormir ali. O gosto do corpo dela ainda em sua boca, era como se ainda estivesse sentido o toque dela.

Passava a mão em seu rosto, procurando alguma barba, não havia nada, mas sentia-se homem. Talvez fossem os cigarros que roubara do pai, talvez o corpo magro da vizinha viúva, talvez porque já não brincasse mais com seus carros de brinquedo, era apenas aquela sensação de maturidade.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Deus está entre nós.

Certa vez, um menino pedia esmola no sinal, sem sucesso, debaixo daquele Sol fervente do meio dia, percebia que não valia a pena viver daquele jeito. Seu primo, que era dois anos mais velho, estava vendendo a "mercadoria" que o líder de sua favela produzia. Talvez pudesse fazer o mesmo, era provável que conseguisse dinheiro para ajudar sua mãe. Mas algo estranho aconteceu. Ao olhar para o céu, viu um pássaro muito branco. Talvez um pardal, pelo tamanho. E, sem poder explicar, simplesmente sentiu sua vida mudar, uma sensação de amor próprio que ia do seu dedão até o último fio de cabelo. Aquele menino apenas se matou nos estudos, conseguindo uma bolsa numa boa escola e enfim entrou para a faculdade, formando-se para ter um bom emprego.

Eu já ouvi dizer que Deus, muitas vezes, toca nossos corações sem que possamos perceber, que Ele está em nossa volta, nos animais, nas árvores, no céu, na água, espalhando amor divino para seus filhos.

Então, certo dia, um garoto alemão de topete estiloso e poucos pelos no rosto, que esperava cultivar um grande bigode, andava pelas ruas de sua cidade ao perceber aquele mesmo pássaro branco no galho de uma árvore. Era mais uma vez Deus, querendo semear amor em seus filhos. Com um estranho sentimento, o garoto tinha a sensação que precisava mudar o mundo, que pessoas realmente deveriam entender a verdade. Sacando seu estilingue do bolso, pegou uma pedra do chão e acertou bem na cabeça do pardal. Headshot. Deveria acabar com a hipocrisia das pessoas, então dedicaria sua vida à estudar e filosofar por aí. Havia assassinado Deus. Denunciaria a hipocrisia que nesse mundo.

Ah, e sabe oo outro garoto do sinal? Freqüenta a igreja semanalmente, é advogado de sucesso do líder da favela, bate na mulher e deixou sua mãe num asilo para tentar esquecer o passado pobre.

C'est la vie!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Título de eleitor em mãos! E agora?

Nos últimos dias, tirei (finalmente) meu título de eleitor, aos 16 anos, ansioso para que 2010 chegasse logo, assim eu teria a chance de exercer meu direito cívico, agora sou um cidadão. A sensação é muito diferente de ter os lábios tocados por uma mulher pela primeira ez, ou ganhar seu primeiro aparelho de barbear. É ter o poder de escolher os meus representantes!

Agora, falando sério, puta merda, vá tomar no olho do cu: tô fodido!

Eu sempre quis votar. Mas não estou exercendo meu direito uma vez que não tenho verdadeiras opções em quem votar. Essa é a questão. Pelas minhas idéias de esquerda, tenho certa vontade de me filiar ao PSOL, visto que o PCdoB não tá lá essas coisas desde muuuuito tempo atrás. Mas, em quem votar para presidente, é a menor das minhas preocupações.

2006. Aqui, no Ceará, muitas coisas aconteceram, ano de eleição para governador. Eu ainda nem votava, tinha uns 13 anos. O governador era o tucano Lúcio Alcantra, seu oponente principal o atual governador (que venceu de lavada em primeiro turno) Cid Gomes. Minha família materna votaria a favor do candidato do PSB, Cid, na época prefeito de Sobral. Minha família paterna apoiava Lúcio. No início, Lúcio era apoiado por Tasso Jereissati (o pior picareta, bandido e salafrário da história da política cearense) e Cid por seu irmão (Ciro Gomes, que anunciou ontem que pensava em se aposentar da vida política) com apoio do PT. Tasso largou Lúcio, e logo Cid tinha: CIRO, TASSO e PT como apoio. Venceu fácil, todo mundo ficou feliz. Era uma nova esperança surgindo no paldo da política cearense.

Logo nos primeiros meses um escândalo: Cid usa dinheiro público em viagens com a sogra para o interior. No intervalo de tempo do escândalo da sogra até sua última: deixar na ilegalidade a greve de professores da rede pública. Até mesmo uma gratificação que é lei federal destinada a professores o Governador "bloqueou".

Boatos de que Tasso Jereissati se candidataria para o cargo de governador. Boatos de que Ciro Gomes se candidataria à presidência. Vamos supor que esses boatos sejam verdadeiros. Cid sem o apoio de Tasso perderia alguns votos. Se Ciro for realmente se candidatar, Cid também perde o apoio do PT, que lançaria chapa única no Ceará. Aí a coisa realmente complica.

O que me salva? Bem, o PSOL não teria a menor chance, mas já o presidente do partido no estado, Renato Roseno, anunciou que haverida chapa completa do PSOL nas eleições 2010. Pelo menos poderia votar e dormir à noite.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

E esses religiosos...

Pois é, meus caros amigos, outro post relacionado à minha descrença no homem invisível que vive no céu molestando anjinhos pelados.

Hoje, como ocorre mensalmente, foi dia de uma palestra cristã. Mas, acredite, dá de mil a zero em muitos stand-up que rolam no YouTube.

Não houve a primeira aula em conta disso, coisa que realmente não lamento, física realmente é um saco. Mas enfim, todo mundo indo pro auditório, conversando, trocando papo e tudo o mais. Ao chegar lá foi a mesma coisa de sempre, o mesmo sermão que nunca muda.

Então tinha um cara lá que daria a palestra. Me pergunto como a escola permitiu que uma pessoa de intelecto mínimo dissesse algo para os alunos. Mas os erros de português que soltava freqüentemente não foi o que demonstrou sua capacidade mental, mesmo provavelmente não poossuindo tanta massa encefálica assim.

Começou falando das merdas de sempre: Deus é vida, isso, aquilo. Beleza, até aí tudo bem. Mas então começou a dizer asneiras que, puta merda, ele deveria ser preso! Veio com um papo de que a ciência só existe para comprovar que há um deus, que a teoria do que ele chamava de "bígui bângue" era falsa, era apenas teoria. Que o homem "não é evolução do macaco", e, a pior coisa que já ouvi nos meus 15 anos de vida: A BESTA QUADRADA FALOU QUE AS CÉLULAS DO CORPO SÃO INCAPAZES DE SE DIVIDIR!!!

Esse merdão falou isso, juro, por incrível que pareça, que falou! É, eu sei que é uma coisa meio absurda, mas estou apenas relatando os fatos. E o fato é que tive uma enorme crise de risos com isso, que por sorte consegui abafar.

É impressionante, cada merda que me aparece na vida...

terça-feira, 19 de maio de 2009

Pérolas de crentes no Orkut.

É, eu sei, meus caros leitores que acompanham meu humilde blog (se é que alguém ler isso), eu geralmente falo muito sobre a minha descrença em deuses. Já postei algumas vezes o quanto já sofri e sofro preconceito por isso.

Certa vez alguém famoso, cujo o nome me foge a memória, disse algo mais ou menos assim: "Se uma religião é ridícula, não é porque milhões a seguem que ela vai deixar de ser ridícula". Não foram bem essas palavras, mas quer dizer isso no fundo. E quero demonstrar um pouco disso no post!

Eis alguns tópicos de comunidades do Orkut para rir e se perguntar como existe gente tão ignorante:
- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=55975&tid=5332570758405444874

- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=8442189&tid=5322973830194466596

- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=55975&tid=5337222139272966641

- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=55975&tid=5334776868430287625

- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=1011369&tid=5337230973987974458

-http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=316440&tid=5330578370598480217&start=1

- http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=6673915&tid=5212377683466953886&start=1

Aí estão somente algumas das pérolas, agora se você quer realmente rir é só procurar por mais, cada tópico tme uma pérola diferente!